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Relação intestino-tiróide

O microbioma intestinal é essencial para o bom funcionamento do organismo. Entre algumas das suas funções, destacam-se:

  • Regulação da homeostase
  • Modulação da resposta imunitária (mais de 70% das células imunitárias encontram-se no intestino)
  • Síntese de vitaminas como a K, o ácido fólico, as vitaminas B2, B3, B5, B6, B7 e B12
  • Captação de nutrientes essenciais para a função tiroideia como o iodo, o selénio, o zinco e o ferro
  • Digestão da fibra proveniente da dieta
  • Impacto na função da tiroide

Da fermentação da fibra surgem os ácidos gordos de cadeia curta (AGCC) que servem de energia para os enterócitos que por sua vez intervêm na digestão e absorção de nutrientes. E, além disso, os AGCC têm um papel importante na regulação imunitária e efeitos anti-inflamatórios.

Fatores como a localização geográfica, o tipo de parto, o aleitamento materno, a toma de antibióticos, a genética, o ambiente e a dieta têm impacto sobre a composição do microbioma intestinal.

A disbiose intestinal é comumente encontrado em pacientes com doenças autoimunes. Esta alteração da microbioma altera a resposta inflamatória promovendo a inflamação e reduzindo a tolerância imunitária. Isto pode levar à lesão da barreira intestinal e ao aumento da permeabilidade desta barreira e a consequente passagem de antigénios que podem provocar resposta imunitária e inflamação local.

Este cenário pode ser um dos fatores que leva a que haja uma forte associação entre as doenças autoimunes da tiroide e a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca.

Em conclusão, o ambiente intestinal desequilibrado, juntamente com outros fatores ambientais e predisposição genética associados, pelo seu efeito negativo no sistema imunitário, poderá ser promotor de doenças autoimunes como a tiroidite de Hashimoto.

E, por isso, estudos têm vindo a mostrar que pacientes com doenças autoimunes reportam melhorias na qualidade de vida com mudanças na dieta nesse sentido.

Referências:

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