O 3,4-Dihidroxifenilpropionato (3,4-DHPPA) é um biomarcador emergente associado à disbiose intestinal, particularmente ligado a espécies do género Clostridium. Níveis elevados de 3,4-DHPPA foram identificados como um potencial indicador de desequilíbrio microbiano, resultante do metabolismo de polifenóis dietéticos, como a naringina, por diversas espécies de Clostridium (Lee et al., 2022).
A produção de 3,4-DHPPA está estreitamente relacionada com alterações na composição da microbiota intestinal, observadas frequentemente em casos de supercrescimento bacteriano, incluindo infeções por Clostridium difficile (Dethlefsen et al., 2008). A pesquisa sugere que metabolitos intestinais como o 3,4-DHPPA podem refletir a atividade metabólica e a dominância de certas espécies bacterianas. Fatores como mudanças na dieta e o uso excessivo de antibióticos influenciam significativamente a microbiota intestinal, favorecendo a proliferação de Clostridium e o aumento de metabolitos como o 3,4-DHPPA (Ejtahed et al., 2020; Cai et al., 2018).
Observações clínicas reforçam ainda o papel da disbiose intestinal no crescimento excessivo de Clostridium, onde subprodutos metabólicos como o 3,4-DHPPA estão associados a diarreia induzida por antibióticos e outras condições relacionadas com a disbiose (Beaugerie & Petit, 2004). Isto sugere que o 3,4-DHPPA não só atua como um biomarcador, mas também pode desempenhar um papel nos processos bioquímicos relacionados com o supercrescimento bacteriano.
A investigação sublinha a relação entre os polifenóis dietéticos, a fermentação intestinal e a produção de 3,4-DHPPA, reforçando a sua utilidade como indicador da composição e atividade da microbiota (Zamora‐Ros et al., 2016).
Níveis elevados de 3,4-DHPPA na urina ou plasma sugerem desequilíbrios microbianos característicos do supercrescimento bacteriano, sendo as espécies de Clostridium um dos principais contribuintes (Reddymasu et al., 2010).
Além disso, estudos em humanos confirmam que os níveis urinários de 3,4-DHPPA estão correlacionados com a disbiose, onde o crescimento excessivo de bactérias patogénicas desestabiliza o equilíbrio microbiano (Saffouri et al., 2019; Zamora‐Ros et al., 2021; David et al., 2014). A presença deste metabolito também tem sido associada à inflamação intestinal e a efeitos sistémicos mais amplos relacionados com o supercrescimento de Clostridium (Li et al., 2022).
Estudos recentes sugerem uma possível ligação entre o 3,4-DHPPA e as vias dopaminérgicas, devido às semelhanças estruturais com a dopamina e outras catecolaminas. Esta relação levanta questões sobre o impacto neurológico deste metabolito, especialmente no que diz respeito ao metabolismo da dopamina e ao stress oxidativo.
Pesquisas pré-clínicas indicam que metabolitos com estrutura semelhante às catecolaminas podem influenciar os níveis e o metabolismo da dopamina, afetando potencialmente a neurotransmissão (Pérez‐Taboada et al., 2020). Como o metabolismo da dopamina está ligado ao stress oxidativo, o 3,4-DHPPA pode contribuir para desequilíbrios neuroquímicos, justificando investigações adicionais.
O 3,4-Dihidroxifenilpropionato (3,4-DHPPA) destaca-se como um biomarcador promissor do supercrescimento de Clostridium, refletindo o metabolismo microbiano dos polifenóis dietéticos e a sua associação com a composição da microbiota intestinal. A interação entre metabolitos intestinais, função neurológica e stress oxidativo sublinha a necessidade de mais investigação sobre intervenções dietéticas e estratégias probióticas para restaurar um microbioma equilibrado.
Na Clínica Daniela Seabra recorremos a análises de ácidos orgânicos urinários em que quantificamos este e muito outros biomarcadores para melhor personalizar os cuidados alimentares e suplementação nutricional.
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